domingo, 14 de janeiro de 2018

APARECE (QUINZENALNENTE) MAS NÃO CRESCE QUANTO MERECIA..

 

      Cresce e aparece, usa dizer-se quando alguém ainda precisa de somar mais alguns anos para chegar a algo a que só com mais idade é permitido aceder. Mas, para o assunto que agora quero aqui trazer optei por inventar o trocadilho com que encimo esta breve referência à centenária feira quinzenal que decorre em Lanheses, nas "costas" a norte do Largo Capitão Gaspar de Castro, na Alameda 25 de Abril, encostada à vedação da Escola Secundária do Agrupamento Escolar de Arga e Lima.

   Ela (a feira) anquilosada pelos anos e afetada pelas condições em que sobrevive, espaço onde decorre e ao "deus dará" da (má) sina que lhe regula o funcionamento , tem ainda assim virtudes que sustentam a resiliência à morte por definhamento sustentando a regularidade da sua ocorrência sem crescimento.


   Grosso modo, eram cerca de três dezenas de tendas e vendedores que estiveram na primeira feira quinzenal de 2018. Cada posto com a sua especialidade, há por ali bancas de fruta variada, tendas com vestuário e calçado, legumes e demais produtos hortículas, cassetes de artistas cantores populares, árvores de plantação de fruto, glóbulos de flores, tremoços e azeitonas curtidas, nozes, azeite de qualidade, louças, mel (cada vez mais raro), chouriços e carne de porco de tratamento caseiro, compra e venda de ovos, flores de ornamentação, mobília aligeirada, panelas, tachos e uma vasta gama de utensílios práticos de jardinagem e uso quotidiano doméstico, com preço anunciado em pedaços de cartão ou na voz da mulher forte de vestido preto e puxo redondo no cabelo: "dois 5€ à escolha, freguês, estão a acabar".

    Não há no espaço na feirinha, nem W.C. MH, telefone público, água canalizada, torneiras públicas, bancas fixas, fast food, nem barraca com máquina de café e sandwichs quentes, ou bancos para um tempo de pausa ou alijamento de embrulhos.

   Há a mexer gente de cá para lá, espaça e observadora, encontros abreviados, sacos de plástico penduradas nas mãos ou uma promessa de árvore de fruto, macieira, laranjeira ou limoeiro para crescer no quintal, um molhe de nabos com rama para uma sopa, uma meia dúzia de margaridas brancas para adornar a campa de um um familiar na tarde do dia, um grelhador aligeirado, às vezes um galináceo "come no chão" para acabar em parcelas no prato com arroz "a fugir" da cor do chocolate.

   Quem aparece, vive. Com vida, a esperança pode renovar o que se possa ter por perecível.

   Assim a ancestral feira quinzenal de Lanheses.








 















doLethes
Remígio Costa 

Sem comentários:

Enviar um comentário

ROMARIA DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO, EM VILA MOU, VIANA DO CASTELO

                   A Romaria de Nossa Senhora da Encarnação é uma antiga celebração católica que decorre na freguesia de Vila Mou, do concel...