segunda-feira, 29 de junho de 2015

JÁ NÃO SE ROUBAM CARROÇAS NAS NOITES DOS SANTOS POPULARES.





                      TROPELIAS NAS NOITES DOS SANTOS POPULARES
                      A brincadeira saiu dos costumes tradicionais usados pela juventude na época dos santos populares na nossa freguesia e já não serão muitos os que recordam as estórias das tropelias cometidas pelos jovens, em regra nas casas onde viviam as namoradas ou raparigas solteiras. Naquelas noites, talvez mais pelo São João e São Pedro, um grupo de moços atrevidos escolhia um alvo previamente determinado e, esperando que as luzes dentro da habitação se apagassem para se assegurarem de que toda a família tinha recolhido aos quartos e iniciado o sono, entravam à sucapa nos cobertos e arrecadações  levando os carros de bois, arados, grades  e outros utensílios de lavoura ou, às vezes, animais e aves domésticos que iam colocar em sítios públicos distantes como o adro da igreja, em largos ou encruzilhadas de caminhos onde era frequente a passagem de pessoas.
              É claro que quem menos apreciava a graça eram as raparigas e as suas famílias atingidas pelos desmandos, as quais, dando conta no dia seguinte que lhes faltavam os bens que lhes pertenciam iam o mais depressa que conseguiam à sua procura para os trazer de volta a casa.
             É claro que o assunto espalhava-se rapidamente passando de boca em boca para gáudio dos brincalhões e não faltavam os comentários jocosos quando, à saída da missa se porventura o assalto tivesse acontecido num sábado, as pessoas deparavam com o carro com as caniças ou carroça onde estava presa uma ovelhas, um porco ou mesmo um garnisé, perante o embaraço e quiçá vergonha das vítimas da brincadeira.
             Sobre este tema corriam então estórias que ouvia  contar. Uma das que mais me surpreendia e parece ter acontecido falava de um burro que tinha sido preso por uma corda a um sino e como lhe colocaram  perto  um fardo de palha a que ele não podia chegar, o animal alongava o pescoço e esticava a corda fazendo o badalo tocar o sino que se ouviu até de madrugada.  Nunca soube como foi possível atar a corda no badalo, sendo a torre alta como é, mas, enfim estórias para terem alguma graça têm sempre alguma inverosimilhância.
             Quero crer que há de viver ainda quem conhece ou mesmo entrou em brincadeiras bem mais picaresca do que esta  que aqui divulgo, recuperando uma faceta dos tempos idos. De todo o modo é uma tradição que morreu.
            Pois se já nem carroças há…

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