sábado, 9 de agosto de 2014

LUGAR DE AMIGOS E HOSPITALEIRO É O OUTEIRO.

                                       Ao redor da capelinha do Senhor dos Passos

               O  Outeiro tem propriedades que o distinguem dos demais lugares da freguesia. A sua situação geográfica no contexto da posição e delimitação dos lugares no mapa de Lanheses confere-lhe a particularidade de parecer isolado estando perto de tudo. Não é um ponto de passagem, é um sítio de estar e viver, de contato natural e fácil entre vizinhos que se conhecem mutuamente e interagem  numa simbiose como se pertencessem todos eles a uma mesma família de sangue que se estima.



              Situado no parte mais oriental-sul da freguesia onde esta termina numa extensa  encosta quase vertical, quem ali mora tem o privilégio de primeiro recebe a luz do sol, de alargar a vista por uma grande parte do vale do Lima e ver de frente as freguesias vizinhas de Fontão e S. Pedro de Arcos e outras da margem esquerda do Lima. Descendo a ladeira tem a dois passos a estrada Viana-Ponde Lima, que já em tempos idos o atravessava pelo meio, o centro cívico e os serviços onde se abastece, ouve o som estridente dos sinos da Igreja quase contígua e abrange o campo santo onde repousam os seus ancestrais.

              Não se passa no Outeiro para chegar a outro destino: quem lá vai fá-lo-á sempre com objetivo concreto e necessário de concretizar o que pretende nesse local.


         Junto a uma das mais antigas casas do largo do Outeiro.
   
      Não andará muito longe da verdade histórica quem admitir que o Outeiro é, quiçá, um dos primeiros lugares a ser habitado por estes sítios. O lugar é contíguo à Cividade onde escavações relativamente recentes descobriram vestígios credíveis da existência de construções redondas  em pedra e fragmentos de vasilhas de barro, de povos que ali viveram. As casas de habitação  mais antigas que ainda existem no local na sua forma primitiva, possuem as caraterísticas das construções dos séculos passados mais recentes, com a sua construção em grandes blocos de granito, escadarias e varandas com colunas de pedra, com rés-do-chão e um piso superior. Contava-me ontem um outeirense, meu amigo obviamente como já tinham sido os seus pais, que ao demolir uma parede da casa que fora dos seus dos seus progenitores, constatou que era feita de barro com mais de sessenta centímetros de largura. Era no Outeiro onde mais se trabalhava o barro que, como historicamente se sabe, foi uma das primeiras atividades do Homem na Terra. No início e até meados do século passado, há memória das últimas olarias e dos oleiros que ali fabricaram e vendiam peças de barro cozido, vermelho ou de cor acinzentada conforme o calor que lhes era dado, pelas mãos do Neu da Lina (Manuel Franco) e Damião Queirós. Para ser considerada medieval só teria de provar que um dia o local foi muralhado, o que, obviamente, é hipótese improvável.


              Toda esta introdução foi feita com o objetivo de enquadrar o espírito do convívio que ontem aconteceu no lindo Largo do Outeiro, em redor da capelinha do Senhor dos Passos, que junta no local "Os Amigos do Outeiro" há já vários anos consecutivos -pela oitava vez se bem faço as contas; e, pelo número de pessoas que lá estiveram, a ninguém restam dúvidas de que é muito grande o número daqueles que verdadeiramente são amigos do Outeiro. É, porém, imperioso que se diga que, na sua esmagadora maioria, os presentes ou são elementos de famílias residentes no local, ou vivem noutras localidades mas derivam delas e deslocaram-se expressamente para estar presentes no convívio, ou, ainda, têm ligações por afinidade aos naturais do Lugar. Os outeirenses são, não tenham dúvida, unidos e amigos. E gostam de receber bem "os amigos do Outeiro".
     
              Mas são ainda bastantes os que andam a labutar pelo mundo e desta vez não puderam estar presente.

 
                                
        A equipa das sardinhas. Há sempre alguém que trabalha.   
          
              Em mais nenhum outro lugar de Lanheses se festeja publicamente a amizade entre os familiares, residentes e forasteiros como no Outeiro. Ainda que houvesse, nenhum outro sítio se encontraria tão próprio para viver a amizade. 

              Foi bonita a noite. Apesar da azáfama e do bulício normal, o ambiente foi de completa tranquilidade. Houve sardinhas assadas, broa e verde tinto, caldo verde e café para quem apetecesse. E música popular, cantada e tocada por amadores, danças minhotas. Simpatia sem medida, convívio, tranquilidade.

             Conheço todos. Vi como se ocuparam para que o convívio obtivesse o êxito que teve. Não distingo nomes. Foi o Outeiro, a boa gente do Outeiro, toda.

             Outeiro é o máximo!



            
                              Aguardando nova "fornada".
              


                          Abastecidos, partem à procura de assento.




                         O sorriso diz tudo. Outeirense de gema.


      Conversa interessante a avaliar pela atenção dos visados.


                          Estão ótimas, Fátima. Acredita.

TOCADORES E CANTORES IMPROVISADOS ANIMARAM A FESTA COM MÚSICA, CANÇÕES E DANÇAS POPULARES.









                                    TOCATA MISTA.




 AO pé do cruzeiro, dança e canta o Outeiro.
                         Os menos jovens atentos e satisfeitos.





                      Assistentes da logística. Aqui é a broa, da boa.
                    
                 Duas outeirenses adotivas, sempre (muito) ativas.

                                     Sobejaram... por delicadeza.




                          Uma figura típica do lugar.

                  HORA DE DANÇAR. AO PAR E DE BRAÇOS BEM NO AR.







             Conversa em dia de quem anda fora a tratar da vida.       
 
                  MAIS UMA, QUE O PAR MERECE.

 EU DANÇAVA ASSIM, LEMBRAS-TE?


   NADO E CRESCIDO (E SEMPRE VIVIDO)NO OUTEIRO.



Família luso-sueca que escolheu a encosta do Outeiro para construir vivenda e fruir dos benefícios da tranquilidade, do ar, das gentes, da  beleza e da paisagem do Outeiro, nos intervalos que a vida ativa lhes permite ter.

                          HÁ CALDO VERDE!









                          

                        OS BASTIDORES ONDE A FESTA SE FAZ.

  


                          
                          MAIS MÚSICA.



















                                                         fim



Texto e fotos
Remígio Costa.

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