terça-feira, 8 de julho de 2014

BRINQUINHOS DA MINHA ALDEIA.

                                    O SALGUEIRO MAIS CHORÃO DE LANHESES


                     Esta árvore cresce do lado esquerdo da entrada principal de acesso à Casa do Povo de Lanheses, por um número de anos equivalente à da maioridade de um humano. Calculo eu. Se não estou seguro da juventude deste monumental salgueiro, ou chorão, ou sinceiro ou ainda mais algumas outras designações que lhe são dadas, também não vou garantir que foi o meu amigo e parceiro da escola, Casimiro Coutinho Coelho*, quando esteve à frente da direção daquela instituição, quem abriu o buraco para lá colocar o jovem vime que se tornou no gigante que aqui podemos avaliar. Poderia ter limpo o pó da memória e acabar com a dúvida chegando à fala com ele, mora ali a "dois passos", com a volta passavam a quatro e...não aprecio caminhadas à hora em que escrevo. Logo mais, a gente encontra-se na Travessa e, em dois dedos de conversa, "espera, deixa-me ver, sim, é capaz, há-de andar à volta disso", vai andando que na Travessa, não há pressa.

                     Parece que a árvore bebe de mais. Água, evidentemente, pela raiz que à sua sombra já não será a mesma conversa e, nem faz questão da má qualidade do conduto. Curiosamente, correm lendas noutras partes onde é muito apreciada que a ligam a passagens bíblicas de sagrado significado cristão. Uma, que foi na sua ramagem densa e abastada que Nossa Senhora se escondeu com o Menino e o burrinho (e São José, também) no caminho de Belém do Herodes cruel infanticida. Está é a bonita. A outra, muito menos poética e redentora, garante que o Corpo de Cristo, na dolorosa caminhada para o Calvário, terá sido chicoteado com os vimes cortados da sua copa (deve ser calúnia, de alguma concorrente). Foi assim que eu li, não as inventei. Escolha a que melhor jeito lhe der segundo os seus sentimentos e princípios. Ámen.

         Aparte a história, a gigante faz-se notar pelo aspeto de uma juba de um hyppy ou peruca de um nobre do século XV. Ou uma daquelas raças de lulus minorcas com penteados por cima dos olhos, que ninguém acredita que eles possam ver. Haverá quem lhe pareça que não faz ali falta nenhuma, o monstro. Outros, pelo contrário, só se conformarão se ela desaparecer por ação de violento vendaval e nem falar querem ouvir de moto-serras para a cercear pelo tronco robusto.

           Começa a popularizar-se por aí a expressão "é mais chorão que o da casa do povo", para ironizar com a atitude de alguém tido por abastado de bens que sempre se lamuria de que não lhe chega o dinheiro nem para comprar um par de peúgas novas pelo natal ou não dá descanso ao melro que lhe rouba um morango da horta.

(Se teve pachorra para ler até ao fim, é um bom paciente. Obrigado. Amanhã compenso-o. Escrevo menos).  

* Casimiro Coelho, quando chegou à casa do povo, já lá estava o chorão. Pensa, até, que a plantação foi feita ainda com Francisco Dias de Carvalho, atendendo a que, a árvore já tinha um porte bastante considerável a quando do início do seu primeiro mandato.
RC.
                

                   

2 comentários:

  1. No minimo que lhe cortem o que está em cima do terreno do vizinho.! isso chama-se boua gestão!!!

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  2. Mais de trinta certamente. Já o chorão era grande quando nos anos oitenta brincava nos baloiços que lá havia.

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