sábado, 21 de maio de 2011

SÓ NÓS SABEMOS PORQUE NÃO FICÁMOS EM CASA.

         Para a posteridade, na escadaria da casa vermelha sob os símbolos de Baco.

          Terminou há pouco a visita organizada pelas animadoras de actividades que se destinam à ocupação e organização de eventos relacionados com os idosos, no âmbito do programa para esse fim estabelecido pela  Câmara Municipal de Viana do Castelo, cuja execução está a cargo das técnicas drªs. Joana e Catarina em estreita colaboração com a Obra Social de Riba Lima.

            A acção prevista para hoje incluía uma deslocação ao Jardim Botânico do Porto e à Feira de Ervas Aromáticas instalada em Canidelo, Vila Nova de Gaia, e um convívio que decorreu no Parque da Lavandeira, em Vilar do Andorinho, na margem esquerda do Douro e nas imediações da cidade gaiense.

            O grupo, onde predominava o elemento feminino, era de cerca de sessenta pessoas dele fazendo parte habitantes de Meixedo, Vila Mou e São Salvador da Torre, cabendo a Lanheses o maior número dos seus componentes.

            A visita prevista para a antiga casa da ilustre família portuense a que pertenceu a escritora e poetisa Sophia de Melo Breyner Adresen, iniciou-se cerca das onze horas para terminar duas horas depois em dois grupos, devidamente ciceroneados cada um por uma guia especializada, uma das quais de nome Sofia, em tirocínio de mestrado na Universidade do Porto.

 Uma fabulosa "Melaleuca" do grupo dos eucaliptos.

       No alpendre do antigo court de ténis da família Andresen, atento à guia Sofia.

                                   A entrada do gato preto referido uma das obras de Sophia

           A jornada começou no antigo armazém da pólvora que mais tarde havia de ser convertido em residência pelo bisavô de Sophia, um dinamarquês de nome Jan Henrik (que se estabeleceu no Porto no negócio da cabotagem), e actualmente pintado de vermelho de borra de vinho reportando ao comércio do Vinho do Porto em que o seu proprietário esteve envolvido e no qual decorre, neste momento, uma notável e pedagógica exposição sobre a evolução da espécie dedicada a Darwin, finda a qual se deu início à visita propriamente dita.

           Uma imponente "Araucária" das várias que podem ser vistas no Parque.

           Por entre veredas de ambiente paradisíaco desfilaram extasiados os visitantes, surpreendidos com as variedades, beleza, raridade e porte de uma incontável pléiade de árvores, flores, arbustos, cactos, e, entre eles. lagos e recantos propícios à intimidade e descanso espiritual. Numa sequência de surpresas e permanente interesse, a simpática e conhecedora técnica chamava a atenção sobre árvores menos comuns dos habitat ocidentais e, numa evocação dos temas tratados na obra da poetisa portuense recriava os locais onde teria escrito algumas das suas obras. Junto à estátua de bronze implantada no centro de um pequeno lago sobre um montão de pedras, com possível ligação ao livro "O Rapaz de Bronze" (que é afinal uma ninfa com  uma cantarinha à cabeça), tive oportunidade de iniciar as declamações de alguns versos da poetisa com o poema "A Minha Vida é o Mar":

"A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada"
                                  Uma vilamouense lendo Sophia (Palmas, por favor)


Jacarandá de encanto faz tapete de pétalas roxas da sua lindíssima flor.


                                    

                   No alinhamento do prédio ao fundo, o roxo do Jacarandá sobressai.

a que se seguiram mais dois poemas, no último dos quais interpretado pela D. Olinda, de Meixedo, 
"as Pessoas Sensíveis"

                                     "As Pessoas Sensíveis", por Olinda Pereira.

"As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas,
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

“Ganharás o pão com o suor do teu rosto”
Assim nos foi imposto
E não:“Com o suor dos outros ganharás o pão.”

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem"


no idílico jardim dedicado mandado construir pelo proprietário em homenagem à sua esposa.



               Logo a seguir a visita terminaria no contíguo jardim das rosas em frente à escadaria de acesso poente da Casa e perto do busto do avô da distinta escritora, por entre a cor e o perfume de lavanda e das abundantes e lindas espécies de rosas.

                            O Américo estica-se.

                                           "Eles" ficaram e "elas" agradeceram...
  
             A caminho do Parque da Lavandeira o inimitável Estádio-Mais-Lindo-da Europa, o Dragão Campeão das Ligas, sonhado pelo génio do arquitecto Manuel Salgado, aparece ao lado direito da marcha e no autocarro soltou-se bem alto o Hino celebrizado pela voz de Dona Maria Amélia Canossa e, logo a seguir, estendia-se na basta relva do Parque o farnel retemperador e o são convívio dos participantes.

             Na feira das plantas aromáticas puderam os visitantes ver e adquirir algumas espécies expostas e outros produtos de produção biológica, sendo muitos os que as identificaram por ser gente experiente e com elas familiarizados.

                            Esta mulher "não existe": "esbanja" saúde em proveito de todos.

            Alegre e de saúde renovado o grupo fez o percurso de regresso a casa em ambiente de muita alegria não tendo faltado os tradicionais cantos populares da região e  manifestações de bom humor e óptima disposição.

             Vamos, agora, às marchas sanjoaninas. É sempre a abrir, juventude! 



                         Não há nada de insólito nesta foto.. estamos no Reino do Dragão...



           

            

             

                   





1 comentário:

  1. RECTIFICAÇÃO:

    Relativamente à organização deste evento devo rectificar que o mesmo não teve a interferência da Câmara Municipal de Viana do Castelo e esteve a cargo de uma assistente social e de uma animadora e não duas, como vem mencionado.

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