CAMINHADA URBANA PARA VER VIANA.

   
         A décima caminhada do programa "Vencer a idade com Saúde" para o ano de 2010, da Câmara Municipal de Viana do Castelo, estava incluída no "Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama" e a sua organização estava a cargo da Turma Pensionista  do ESS-IPVC.

          Com o início marcado para as 10 horas quem chegou à Praça da República meia hora antes vindo da rua onde se situa a Capela das Malheiras, encontrou-a praticamente deserta. Nas numerosas mesas e cadeiras vazias das esplanadas dos cafés ali existentes ninguém chegou ainda para a primeira chávena de café da manhã e para a leitura frescas dos jornais do dia. Contornando o chafariz e no meio da praça, há tempo para olhar em volta e reparar naquilo que, numa passagem apressada do dia-a-dia, se esconde a quem ali passa afadigado e alheado da realidade que o cerca. A velha traça dos prédios antigos a precisar de arranjos, com as tabuletas das agências de "compra e venda" penduradas nas sacadas, as tarjas nas varandas do Taurino da celebração do seu centenário recente, as capas dos jornais na Loja da Esquina o oé, oé, da peça em cena no teatro Sá de Miranda, até 15 do próximo mês. E, também, o "intruso" tanque com Caramuru e a sua companheira índia brasileira Paraguaçú, a apreciável escultura que José Rodrigues assina, muito escuros e pouco vestidos, com ar de quem chegou de fora há pouco tempo e não é dali e fica deliciado com a beleza da praça que lhes é completamente estranha.

     Dali ao Zé Natário, são dois passos. Não é hora para a bola de Berlim e também não vou aos biscoitos afamados de Viana. Ao balcão, já não está o velho M. Natário nem o sobrinho Miro que jogava a bola e fazia pastéis, mas a fotografia de Jorge Amado por cima da mesa onde se sentou num dia da Romaria, confere ao local simbolismo e reconhecimento. Vem a tarte de maçã (-saíram agora mesmo, vai gostar, recomendam-me) e a chávena com o café fumegante que tomo sem aditivo.

     Regresso à Praça, onde se encontram já as bancas com as camisolas estampadas da iniciativa, distribuídas ao grupo da corrida que integra a actividade. Não é connosco, que é a turma da caminhada. João Viana e o colega (porque não me ocorre o nome?) dão as indicações sobre o percurso e fornecem a água para matar a sede. Trinta e cinco minutos após as dez, são mais de cinquenta que formam o grupo, que inclui a bebé de um mês, Maria se chama ela, num carrinho que a jovem mamã empurra e a avó vigia. -Sigam a pegada verde, ouve-se.

    Contornando o edifício camarário, o grupo chega pouco depois, pela rampa da ponte Eifell, à marina para, contornando a praça de touros onde já não mais se farão corridas, percorrer parte das alameda do jardim público, ver de perto a restaurada  Igreja das Almas, a primeira matriz de Viana, tomar a Rua da Bandeira, aceder de novo à Praça da República, chegar ao Largo de Matriz, voltar à margem do Lima, contemplar a arquitectura de Siza e o monumento à Liberdade de José Rodrigues (ele outra vez), ver o Coliseu a crescer e junto dele, tranquilo, o Gil Eanes, subir o Campo d'Agonia, e, a seguir ao jardim D. Fernando, deparar em S. Domingos com Frei Bartolomeu dos Mártires e a sua mula (desta vez é Álvaro Rocha, que merece elogios), passar na rua mais comercial da cidade e as sedes de "A Aurora do Lima" e do Sport Club Vianense, para terminar no local da partida, (ali ao lado, continuava Caramuru, mas não reparei desta vez, e fixei a minha atenção na entrada do Museu do Traje, onde, naquele momento, as portas se abriam...

     Ninguém ficou dispensado de abalar antes dos alongamentos a cargo do prof. João Viana, o qual, do alto dos degraus do chafariz ex-libris da antiga Praça da Rainha, os foi ministrando com a descontracção habitual.
     Uma hora e quinze minutos, entretanto, haviam passado. De Hugo Chavez e do seu amigo Sócrates, nem a sombra. E foi pena, pois, esperava ver se era desta que o "nosso" primeiro tinha parceiro para dançar. Não foi ele que disse que eram precisos dois para "tangar"?

      Até à próxima, a 27 de Novembro.