sábado, 21 de agosto de 2010

HÁ LONTRAS NO "OLHO"!

       
  Há já alguns dias que dei conta de que, a montante do pontão que atravessa as águas estagnadas do que aqui se conhece por "olho", o qual, até há bem pouco, servia de vazadouro dos efluentes domésticos, as águas salobras residuais se agitavam denunciando que algo, submerso, se movimentava quase à superfície. Não levaria muito tempo que à tona do charco aparecesse uma cabeça escura, num corpo longilíneo e pêlo liso e escuro, de patas muito curtas e rabo extenso, estimando que o seu cumprimento total seria de cerca de 35/40 cm, e menos de 1 kg de peso, dirigindo-se para a margem permanecendo aí o tempo suficiente para perceber que se tratava de uma lontra.

          Continuando, nos dias seguintes, com a observação do local acabei por ver mais outro exemplar com idênticas características às referidas anteriormente, todavia com um tamanho aparentemente superior à primeira que avistei. Ontem, um novo especimen que, pelo tamanho significativamente inferior aos dois primeiros avistados presumo ser um filhote, entretinha-se a enlamear-se numa parte mais enxuta.


          As tentativas falhadas para obter fotografias foram, há pouco coroadas de sucesso, tendo podido colher algumas fotos de uma das lontras e, com tal êxito e colaboração do animal que esteve a escassos centímetros do local onde, sentado, a espiava!


          Não garantindo, por óbvias limitações do conhecimento da área, a validade científica da caracterização desta espécie, não muito abundante nos nossos rios e lagos, este animal tem a classificação científica de lutra longicaudis, é mamífero, habita em rios, lagoas e charcos, alimentando-se de peixes, crustâceos, répteis e pequenos mamíferos. De referir que, no local onde se encontram, é comum existirem lagostins de água doce considerados, aliás, uma praga de difícil extinção.

          Tive oportunidade de, no momento em que duas delas evoluíam mergulhando, do valado onde se vêem as tocas sob as raízes descarnadas dos salgueiros, para a água, ouvir uns guinchos estridentes podendo estes animais ao que apurei, ser capazes de emitir outros sons como chiar ou assobiar. Tem uma duração de vida a rondar os 25 anos.

          Registe-se o facto de ao "olho", depois de anos a servir de fossa ao ar livre, começarem a chegar sinais de regeneração natural. Para além das lontras, um casal de lindíssimos guarda-rios esvoaçavam por entre os amieiros tombados na água...

          Veremos, em breve, florir ali também os nenúfares?

4 comentários:

  1. Fantástico. É com enorme satisfação que também vou assistindo à lenta regeneração do regato o "olho"! As lontras ainda não tive oportunidade de apreciar, mas nos meus passeios diários com os meus cães já lá tenho visto, Garças, casais de Patos Bravos, Gralhas, etc etc. Dá-me ideia, também, que este ano a população de Gaios( uma ave lindíssima ) cresceu muito, dado o abundante numero de exemplares que se avistam por estas paragens! Não seria interessante desenvolver um projecto, ou tentá-lo, para classificar esta área geográfica como zona de interesse natural e protegida? É que pelo que lá constacto a biodiversidade no regato "Olho" e zonas limitrofes é muitíssimo abundante!

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  2. sérgio moreira:
    Começo por felicitá-lo pelo interesse que manifesta pela regeneração do espaço verde da zona onde se situa o "0lho", o qual, lenta mas progressivamente, se vem notando.
    Cresce, como diz, a fauna da zona e quem anda atento e dá significado a estas coisas constata o crescimento das espécies que enumera.
    Quantos às lontras de que dou conta no blogue são, no meu entender, um sinal da melhoria da regeneração ambiental no sítio que será, espero, também alargada à flora. Seria fantástico ver, de novo, ali crescerem os nenúfares desaparecidos há muitos anos.
    Já tive oportunidade de expressar, noutro local, a mesma ideia que perfilha de proteger a fauna e a flora desta local, transformando-o num paraíso para a conservação das espécies ali existentes e de outras já desaparecidas.
    E poder-se-ia começar,já, por "dar chumbo" a quem dele enche o local...

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  3. PS. Como deve saber as lontras, como todos os animais, têm especificidades de vida próprias passando muito tempo entocadas. É natural que possam ser avistadas noutras horas do dia mas eu reparei nelas a meio da manhã e ao princípio e fim da tarde. A sorte também pode ajudar.

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  4. Obrigado pelas dicas. Vou tentar avistá-las, sem contudo interferir no seu quotidiano de modo a não assustá-las e tão pouco afugentá-las. Confesso que fiquei emocionado ao ler este tópico, pois no meio de tanta tragédia acontecida neste verão aqui para os nossos lados, ( desde os incêndios até aos assaltos )esta notícia tocou-me bastante! Ocorram ao menos pequenos milagres naturais como este para que este planeta continue a transpirar vida! E venham daí os nenúfares para o "Olho"...

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