segunda-feira, 31 de maio de 2010

A LENDA DA COVA DA ONÇA


DIA MUNDIAL DA CRIANÇA


(Da tradição popular de Lanheses)
           Há muitos, muitos anos anos a nossa terra não era como é hoje; as casas não eram tão lindas como agora são e nelas não havia televisão, nem rádio, nem telemóvel e nem sequer havia livros ou jornais para as pessoas lerem e ficarem a saber mais. Sim, havia já um Magalhães mas, esse, era navegador não era para navegar. As escolas também eram muito poucas e bem distintas das de agora e nem sequer tinham tantas meninas e meninos como agora têm, até os professores eram tão poucos e tão poucos que, vejam só, todos os que existiam tinham trabalho! Mas então como é que as pessoas aprendiam e fizeram chegar até ao nosso tempo tantas coisas tão belas e importantes? Ora, porque falavam uns com os outros; os pais diziam aos filhos o que ouviram dos pais deles, a quem nós chamamos avós, os meninos faziam o mesmo quando chegavam a adultos. Foi, assim, que eu aprendi a lenda (ou história), que vos vou contar conhecida entre nós como Cova da Onça, ou Cova da Serpe (serpente) ficando ao gosto de cada um a escolha, e que os vossos pais ou até vizinhos, com tantos anos que já lhe perderam a conta, poderão confirmar.
          Foi sorte para nós tão raro acontecimento ter ocorrido aqui bem pertinho, ali para os lados da Igreja Paroquial, pela oportunidade de podermos, um dia, lá ir com a maior facilidade para conhecermos o monte onde tudo se passou. Foi aí que, naqueles tempos, começaram a fazer uma mina, a qual não puderam concluir porque, quando já iam a meio, uma voz lá de dentro, gritou:
-         “Fujiiiiii!”. Os mineiros, que não contavam com aquele grito, ficaram muito assustados e, sem olharem para trás, oh! “pernas para que vos quero”, isto é, fugiram como lebres acossadas pelos cães e nunca mais lá voltaram. Pudera, que susto!
      Tão raro evento espalhou-se entre a população que acreditou ali existir um tesouro muito valioso que só aparece na noite de S. João sob o disfarce de uma cobra, tendo na cabeça um barrete vermelho (que também  poderá ser azul até ou amarelo para quem não apreciar muito aquela cor), ou  mesmo de burro quando foge, porque, às vezes, nem sempre se diz o que se ouve e, quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto. Certo, certo, é que a moura era uma linda menina que estava encantada por uma fada malvada e estava ali, sabe-se lá há que tempo, à espera de alguém com poder para lhe quebrar o feitiço. Até que um dia apareceu no sítio a uma camponesa que por ali andava com o seu rebanho e disse-lhe:
-         Vai a tua mãe pedir que te faça um bolo para mim, mas não lhe contes nem a ninguém, para quem é. Quando voltares, eu já estarei outra vez em forma de serpe; mas não te assustes, nem digas “Ai, Jesus”, porque eu não te farei mal. Traz uma vara aguilhada, para com ela me picares e fazeres sangue. Se fizeres o que te peço eu ficarei livre deste encantamento e dar-te-ei de presente riqueza sem conta.
-         A rapariga assim prometeu fazer e foi-se embora. Mas não cumpriu, porque não foi capaz de guardar segredo, como a Moura lhe recomendara. E, assim, quando lá voltou  para lhe dar o bolo, ela tinha desaparecido e vai lá continuar a penar por muitos e muitos anos, até que apareça um lindo príncipe que a venha libertar.
-             Desde então, a certeza de que naquele local existe um tesouro é tanta entre a população que houve quem se propusesse fazer uma mina para furar o monte de uma ponta à outra em busca de tanta riqueza.
-         E não há sonhos que se realizam?
-          
(Adaptação) 

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