OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE, - A-28 JÁ TEM IMPOSTO.

            Tudo aponta para que este Governo, fazendo tábua rasa do que a lei estabelece em matéria de tributação de portagens nas auto-estradas  e mandando às urtigas o princípio de equidade no pagamento dos impostos pelos portugueses, vai usar da sua proverbial dureza para com os fracos e a costumada moleza para com os fortes.
            De nada valeram a invocação das leis da República, a demonstração inequívoca do seu enquadramento à região servida pela A-28, a inexistência de alternativa àquela via, a dualidade, incompreensível, do tratamento diferenciado, claramente proteccionista, para outras regiões do mesmo país, a revolta das pessoas atingidas por este imposto cirúrgico camuflado.
           Sem apresentar um argumento que fosse para sustentar a irredutibilidade da sua posição, a não ser o de que a situação a que eles conduziram o país tem que ser paga por todos nós, isto é, pelo povo trabalhador, pelos reformados, pela segurança social, pelos serviços de saúde, pela segurança pública, pela educação, o Governo não abdica de sacar do bolso dos indefesos e mansos contribuintes da região nortenha as moedinhas que hão-de levar o déficit para menos de 3%.
           Se a atitude dos governantes foi a previsível, também não causa grande estranheza o voto dos "cús de chumbo" eleitos pelo distrito de Viana do Castelo que viabilizaram a lei na Assembleia da República a sancionar a criação do imposto sabendo-se, desde sempre, que nunca foram os interesses da região que os elege que eles estão lá a defender, senão os seus próprios. Defensor Moura, foi a excepção que confirma a regra: louve-se e realce-se, faça-se saber, por isso, a coerência consequente da sua atitude.