sábado, 6 de fevereiro de 2010

CRISE CHEGOU ÀS LAMPREIAS DO LIMA



           Mal vai este ano a safra da lampreia no rio Lima, pelo menos no que respeita aos pescadores de Lanheses que actuam sobretudo a montante da ponte até à capela da Senhora das Candeias. O caudal da corrente mantém-se bastante elevado, provocando alterações contínuas nos bancos de areia e o arrastamento de detritos que afectam a visibilidade da água e impedem a colocação estratégica dos "ramos" (paralelipípedos aos quais os lampreieiros atam com arame ramos verdes onde, as lampreias, fixam a ventosa bocal para poderem descansar do esforço que desenvolvem para vencer a corrente) ou, quando uma vez aí posicionados, são rapidamente cobertos pelo movimento dos inertes em movimento no leito.
          Barcos encostados às margens, direita e esquerda, no sítio da Passagem os impacientes amadores (quase todos) da pesca do delicioso (para os apreciadores) acepipe limitam-se aos trabalhos de manutenção das suas pequenas embarcações, retirando a água  neles deposita pelas chuvas mal contendo a ansiedade pelo início da safra, bem menos generosa hoje do que em anos passados.
           Na pesca, é proibido o uso de fisga, um apetrecho constituído por uma vara com um pente de ferro colocada na extremidade com dentes em forma de arpão, em número que varia conforme a natureza do leito do rio. As lampreias terão de ser fisgadas pelo bojo através de um gancho ("bucheiro" ou gadanho), manejado com rapidez e muita perícia.
          A época das lampreias motiva, actualmente, nesta zona ribeirinha cerca de uma dezena de fervorosos praticantes constituindo, para além da paixão dos que se dedicam desportivamente à faina, um interessante bem económico pelos valores que podem ser alcançados em resultado da venda do precioso ciclóstomo.
                                                        
      PAISAGEM DO LIMA COM O ÁGUA-ARRIBA AO FUNDO                                                                                                                                          O preço actualmente praticado é bastante variável dependendo, entre outros factores, da abundância e precocidade da pesca, atingindo os primeiros exemplares recolhidos valores muitas vezes exorbitantes, tornando-se um pouco mais acessível à medida em que diminuem os meses do "r". Em qualquer caso, porém, um exemplar obtido directamente ao pescador não deverá divergir muito dos vinte e cinco euros, podendo chegar aos quarenta ou mais. Bem longe vai o tempo em que um nutrido exemplar acabado de sair das águas do rio era oferecido, ao domicílio, por dois escudos e cinquenta centavos (um cêntimo e meio, aproximadamente)!.
           A qualidade da espécie que vem desovar ao Lima, vinda lá do longínquo mar dos Sargaços, pede meças à estrangeira, designadamente à oriunda da França, da qual os pescadores nem querem ouvir falar. Também aquela que é pescada o mais possível a montante do rio é muito valorizada, se não quisermos dar crédito aos que pensam que o paladar é susceptível de variar consoante o número de vezes que cada um consome...
          Xico Agra, na imagem acima e ao lado, actualmente fora da actividade foi, até há pouco tempo, uma apaixonado pela pesca da lampreia.
          Actualmente, os irmãos José e António Rocha, Luís Coutinho, Carlos Pescador, Catulino, Zé Manuel, (citamos de memória), são os que, na margem direita, se avistam no rio. Porém, quem mais parece dedicar-se à faina é Manuel João Castro Rocha, o Caninhas, goza a fama (e o proveito) de ser o campeão na captação da espécie, mantendo-as vivas num rego de água corrente no seu domicílio e daí os retirando à medida da procura.
          

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