quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CRISE? SÓ SE FOR EM PORTUGAL.

             HÁ CRISES E ... CRISES.
             Não terá chegado ao futebol a tão temida crise económica. Pelo menos ela parece passar ao largo de Lisboa, onde, tudo leva a crer, a descoberta de petróleo celebrada há já alguns anos por Raul Solnado na hilariante comédia "Há petróleo no Beato", está finalmente a render milhões e a resgatar da falência os privilegiados fidalgos arruinados da defunta corte. Mais uma vez recorro a uma transcrição da imprensa indígena, porque a portuguesa é apodada de provinciana, maledicente, e algumas pessoas não lidam muito bem com a realidade nua e crua.
             Vejamos, então.

Lisboa. Dois clubes grandes com a mania das grandezas

A capital de Portugal lidera o mercado de transferências. Não há igual na Europa
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.........No amanhã que é hoje, tudo o que Luz é mesmo ouro para o Benfica e o dinheiro é sempre verde para o Sporting: a estes não têm faltado meios para comprar. Ao primeiro, nos saldos de Verão e de Inverno; ao segundo, só nos de Inverno. Seja como for, em Benfica e Alvalade moram grandes que querem viver à altura dos pergaminhos - nesta pré-reabertura de mercado, ninguém foi às compras como eles. E Lisboa passou de cidade periférica a centro de toda a agitação desportiva nestes tempos mortos em que só o futebol inglês dá sinal de vida. E, quando a transferência de Florent Sinama-Pongolle para o Sporting é abertura de noticiários na Eurosport, está tudo dito: é em Lisboa, e não em Madrid ou Londres, que tudo se tem passado neste mês.
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CÁ DENTRO Vamos a números: o Sporting vai à frente com 9,5 milhões de euros gastos por João Pereira e Sinama-Pongolle. O Benfica segue logo atrás e estima-se que já tenha gasto 7 milhões de euros entre Alan Kardec, Airton e Éder Luis. São 16,5 milhões a sair de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro, a Belo Horizonte, a Braga e a Madrid. É muito, num país que está em crise aguda.
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LÁ FORA No resto da Europa, nos ditos campeonatos maiores (Premier League, La Liga, Serie A, Bundesliga e Ligue 1), só na Alemanha e na Itália é que clubes candidatos ao título se chegaram à frente com dinheiro vivo: o Schalke 04 gastou 700 mil euros com Bodgan Müller e o Milan comprou Dominic Adiyah por um milhão e 380 mil euros. E o que são dois milhões e 80 mil euros para os dois grandes de Lisboa? Trocos, evidentemente.
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Em Inglaterra, só o Manchester United é que se mexeu, ao resgatar o miúdo Mame Biram Diouf sem custos. Já Arsenal, Chelsea e Liverpool têm os quilómetros a zero. Em Espanha, nem Real Madrid, nem Barcelona investiram, mas os merengues estão obrigados a procurar alternativa a Pepe (lesionado) - David Luiz está entre os substitutos sondados. Em França, mais do mesmo: o Lyon está parado, o Marselha idem e o Bordéus aspas, aspas. Tudo à espera do primeiro movimento.
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      É óbvio que ninguém quer saber do estado das contas dos clubes aqui referidos. Nem das engenharias financeiras para camuflar falências técnicas. Nem tão pouco donde vem o dinheiro e como, e por quem, terá de ser pago. O essencial é mostrar e essa Europa pelintra que deve, de uma vez por todas, não confundir Lisboa com Portugal.
(v.g. Jornal "I", versão on-line)

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