sexta-feira, 27 de novembro de 2009

NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO

            Por isso, mal precavido anda quem aceita sem mais aquelas tudo o que, nos jornais mas principalmente através da TV, e, já agora, pela internet e telemóvel ou outros prodígios da sofisticada tecnologia actual, se dispõe a aceitar sem questionar tudo o que lê ou ouve. Descartes lá tinha as suas razões...
            É o caso esta semana divulgado do cidadão belga que, em consequência de um acidente de viação, terá estado em coma vegetativo durante tantos anos quantos os que possuía a data em que foi hospitalizado com 23 anos. O médico que o assistia terá detectado que o seu paciente, durante aquele longo período, afinal tinha tido sempre consciência do que se passava à sua volta, sem poder todavia efectuar o mínimo gesto ou reacção perceptível por ser medicamente irreversível o seu caso.
            Com o recurso a um computador foi possível estabelecer com o doente um entendimento formal obtendo o corpo clínico do hospital os dados que garantem estar-se em presença de um caso médico verdadeiramente assombroso e invulgar.
             Certo é que, um pouco surpreendentemente, o assunto não mereceu dos media mais destaque do que aquele que lhe foi concedido no dia da notícia. Falta de credibilidade científica? Menor impacto na opinião pública que desvaloriza a sustentação do tema? Mistificação e oportunismo dos intervenientes? Como saber?
              O assunto, porém, não se esgota só e apenas na resolução clínica do problema de saúde física superado, como se constatou através das imagens televisivas, com extraordinário êxito. Numa generalização plausível a casos idênticos, que de quando em vez nos são dados a conhecer, interna e externamente, podem levar-nos a equacionar o tema cada vez mais insistentemente abordado da morte provocada, isto é, o acto de fazer cessar a assistência clínica a um doente em estado terminal, pelo desligar dos meios artificiais que o sustentam em vida vegetativa.
               É, pois, a ciência inteiramente fiável? Quando é que morre um ser humano?
               Não é a resposta da ciência que me sacia e tranquiliza.
             
           

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