Eram 17 horas e 40 minutos de sábado, 26 de Setembro de 2009, quando o barco água-arriba entra nas águas do rio adormecido. Suspenso, em equilibrio perfeito, na ponta da grua habilmente manejada, qual cegonha segurando no bico a cestinha com o recém-nascido no tempo em que eles vinham de França, a embarcação assenta na superfície com a subtileza de um corpo em lençol de linho. Uma estrandosa salva de palmas rompeu de uma pequena multidão postada na margem e o barulho da fanfarra de Santa Marta de Portuzelo não abafou os "bravo!"e o estralejar dos foguetes que ecoaram a seguir. Um voluntário, o Manuel Baptista, com a água pela cintura, segura a âncora quase desnecessária que o barco está em sua casa. O "Caninhas", com o rosto desanuviado, de sorriso simples e (terá sido impressão minha?...) misteriosamente algo trocista, enfrentando a multidão, pronunciou: Afinal, não foi ao fundo!
Logo a seguir o pároco da freguesia, Daniel Rodrigues procedia à tradicional benção da embarcação com a leitura de texto bíblico adequado a que se seguiu o baptismo pela quebra da garrafa de espumante na quilha pelo seu criador, o "Caninhas". Pelo presidente da Junta de Freguesia, Ezequiel Vale foram proferidas breves palavras que relevaram o mérito da obra levada a cabo pelo pelo nosso conterrâneo, que, entretanto, recebeu simbólicas ofertas de material e ferramentas para serem utilizadas em iniciativa futuras. Uma peça de louça de Viana, com quadra chistosa inscrita, (Água-Arriba sem igual/Obra d`Homem com amor/Caninhas, és genial,/O nosso grande louvor.) foi recebida pelo homenageado com visível agrado. Ao público presente foi dado associar-se à celebração, brindando com champanhe.
Não faltou, até, um momento de enternecedora nostalgia com uma improvisada actuação de algumas mulheres de preto vestidas, duas delas a verem já de perto a marca dos cem anos, que entoaram melodias alusivas ao rio e a Lanheses, que a Rosa Fires não se cansa de transmitar no seu geito peculiar de dotada actriz e cantora popular.
A tarde esplendorosa deste surpreeendente verão outonal caía já com o sol a espreitar por entre os pilares da ponte, mas crianças e alguns adultos não desperdiçaram a oportunidade para integrar uma pequena passeata para figurar no acervo das suas mais gratas recordações.
Eu, como imensos Lanhesenses, tambem assisti a este momento alto. À muito que não se assistia em Lanheses a um evento assim. Todos estavam orgulhosos e seguiram com muito entusiasmo todos os passos, desde o recinto da antiga escola primária até ao rio Lima. Eu assisti (documentando tudo em fotos e video) para memória futura, desde as primeiras tábuas até ao bonito barco que todos podem apreciar no seu ancoradouro.
ResponderEliminarE o Sr. Remigio Costa, que em boa hora criou este blog, dá a oportunidade, por esse mundo fora, que muitos vejam tambem imagens que nós tivemos a sorte de assistir no local.
água arriba entra em águas vivas .e adormece preso as amarras nunca mais soltas, um evento podre e adormecido uma historia perdida em poucos meses. tanta euforia depressa esquecida
ResponderEliminarEu, como tantos outros assisti também á entrada do "AGUA ARRIBA" - Lanheses - nas águas do nosso Rio Lima e confesso que a iniciativa é de todo louvável e de também, enaltecer! Temos que preservar e promover as memórias que fazem de nós Homens e esta nossa terra dos vales do Lima! Pena é, que os Lanhesenses tenham virado costas ao rio, dado o estado execrável em que este se encontra e até incomodar verificar que o AGUA ARRIBA e a sua monumentalidade em nada enaltece a beleza deste trecho de rio que à freguesia de Lanheses, pertence! De todo incompreensível o estado a que chegou a margem do rio Lima, na área geográfica de Lanheses! Ás autoridades competentes, solicito - Trabalhem no sentido de devolver o rio á população de Lanheses!
ResponderEliminarSe me conhece e segue o meu blog e a "Aurora do Lima" já deve ter concluído que faço o possível por me manter equidistante e o mais possível isento nas opiniões e assuntos que aqui trago.
ResponderEliminarSou um apaixonado pela minha terra e, sempre que alguém intenta fazer alguma coisa pelo bem dela, não me inibo de lhe dar a divulgação que merece, independentemente do conceito, estima ou cargo de quem o faz.
Incluo o lançamento à água do Água-Arriba no lote dos raros eventos interessantes que merecem ser salientados; repõe a tradição dos nossos barqueiros e enaltece sobretudo o mérito de quem se lançou na aventura da sua construção: o "Caninhas".
Por razões do cumprimento burocrático das exigências da sua certificação e licença de navegabilidade, estupidamente exigentes neste caso e permissiva no que é realmente importante, para além da construção da vela ter vindo a ser protelada, sem justificação plausível, pelo artífice a quem foi pedida, ainda não está a cumprir um dos fins que levaram à sua construção.
Mas não estou de acordo consigo quando afirma ser uma das causas da degradação a que se refere...
No que concerne à requalificação do espaço da zona de lazer, a "praia" tão reclamada, tanto quanto se sabe é das pressões feitas junto da Câmara Municipal para que os trabalhos exigidos constem do programa subsidiado pela UE, no montante de 92M€, que vão ser aplicados na zona do litoral.
Contudo, é bom ter em consideração o seguinte:
existe, há já algum tempo, como bem deve saber, um "Parque Verde", bem tratado, mas que só é utilizado em eventos com organização. Dum modo geral, a população não o ocupa;
com a erosão a avançar na margem direita, o terreno útil está praticamente reduzido a uma pequena facha e, na zona de Vila Mou, nasceu um espaço maior. Ver-se-à o que os técnicos quererão ali criar.
Por último, para além de plantação de árvores que ali tem vindo a ser feita, os responsáveis levam a cabo aquilo que podem realizar: limpar de ervas e silvas que anualmente ali crescem.
Reitero o que disse no início deste texto que não queria tão longo: procuro ser isento e não aceito procuração de ninguém para dizer aquilo que eu próprio não quiser dizer.
Olá. Em primeiro, não disse na minha mensagem que o AGUA ARRIBA era uma das causas da degradação do rio, pelo contrário, no inicio da minha mensagem até enalteci o facto de o terem lançado à água e acredite é minha opinião, achei muito bem que a freguesia se tenha entregue com alma e coração a este lançamento e á obra, a meu ver, muitíssimo bem realizada pelo sr. Caninhas. Em segundo, não tentando nunca ofender ninguém, apenas, divulguei aquela que é a minha opinião acerca de ( e tem de concordar comigo )o rio estar no estado em que está, ( nem todas as ervas foram cortadas )! Execrável! Em terceiro conheço como ninguém em Lanheses o Parque Verde- e o rio até- , pois não há um dia que lá não vá com os meus cães. Acho uma intervenção paisagisticó-ludica muito útil e de grande sentido para a freguesia, que só não utiliza mais se não o quiser. Eu utilizo e muito. Em quarto e para finalizar, não sendo de Lanheses, apaixonei-me por uma mulher desta e por esta terra, que considero MARAVILHOSA, mas como disse atrás, a mulher desta terra pela qual me apaixonei só cá ficou a pedido meu, pois a sua vontade era de partir, daí advindo a minha opinião ( e vale o que vale )que ainda há muito a fazer na freguesia para fixar as suas gentes, principalmente os seus jovens! O mesmo serve para o rio e respondendo à sua citação final, não pretendo através de um blogue que é seu, ferir as susceptibilidades de ninguém nem muito menos usá-lo a si e ao seu blogue para ofender alguém, nem assim fui educado pelos meus pais, apenas achei que num blogue livre podesse dar a minha opinião. Um abraço ao Sr. Remigio que o tenho em estima e admiração pela vitalidade que demonstra no dia a dia! Desculpem se ofendo alguém, mas a minha opinião acerca do rio mantém-se!
ResponderEliminarSr. Sérgio Moreira:
ResponderEliminarSe me alarguei um pouco mais nos meus esclarecimentos sobre o pertinente assunto que aborda, fi-lo com o intuito de informar genericamente os que têm vindo a questionar algumas opções tomadas sobre os temas propostos.
No seu comentário não vislumbrei qualquer deselegância ou incorrecção que merecesse reprovação ou censura e, este espaço, aberto e plural, estará sempre ao dispor de quem o ache próprio para formular as suas críticas ou concordância com os temas tratados, com a única condição de respeitarem as normas da boa conduta cívica e social, como é o seu caso.
Aceite as minhas saudações e desculpas se, porventura, me tiver expressado de forma a induzi-lo a tirar ilações diferentes das que pretendia.
Disponha, sempre.
Sr. Remígio Costa muito obrigado pela amabilidade com que me trata e o assunto debatido anteriormente fica esclarecido ( embora muitos temas possam vir a ser discutidos, o que acho aliás muitíssimo saudavel ). Sugeria, no entanto e se mo permite, poste aqui no seu blogue duas entrevistas a dois ilustres barqueiros nascidos e criados nesta "nossa" linda terra, uma vez que discutimos o rio e o AGUA ARRIBA e vem no seguimento daquilo que o senhor muito bem faz, informar os Lanhesenses e publico em geral. Estão as entrevistas, numa pagina internet chamada AO NORTE mais precisamente na página "lugardoreal.com", uma associação que desenvolveu um estudo e documentário, precisamente, sobre os barcos e barqueiros que navegavam antigamente o Rio Lima no transporte de pessoas, bens, animais, etc, etc "AGUA ARRIBA - histórias de barcos e homens". Se calhar até já o postou ou até conhece, caso isso seja realidade, aceite desculpas pela minha ignorância. Um bem haja para si. Sérgio Moreira
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